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[RESENHA] DEMON SLAYER - A REVOLUÇÃO GRÁFICA NOS ANIMES SHONEN

Atualizado: 1 de out. de 2019

Com o passar dos anos e a constante evolução cinematográfica parece que cada vez mais ficamos exigentes com o restante dos trabalhos audiovisuais, seja num seriado ou animação. Game of Thrones, da HBO, revolucionou a TV com seus efeitos dignos de cinema, por outro lado, longas animados americanos, como por exemplo, Os Incríveis 2, demoraram anos para serem produzidos por conta do nível detalhado de criação. Mas e os seriados de animação japoneses? Os animes tão populares no mundo todo tiveram também uma crescente positiva de melhoramento de produção na última década, e sempre tivemos algumas obras de curta duração de encher os olhos, assim como filmes espetaculares como Akira e Ghost in the Shell, mas podemos contar nos dedos os animes Shonen de longa duração que nos impressionaram. Destaque para One Punch Man, Fullmetal Alchemist e Attack on Titan. Porém, Kimetsu no Yaiba chegou para revolucionar, pelo menos essa é a impressão nesta que foi sua primeira e grandiosa temporada.



Kimetsu no Yaiba ou Demon Slayer, do autor mangaká Koyoharu Gotōge e produzido pelo estúdio Ufotable, conta a história de Tanjiro, um jovem gentil que possui a habilidade de ter um olfato apurado, por isso além de ajudar sua família com trabalho braçal, também ajuda os moradores da cidade onde reside próximo. Ou seja, o sentimento genuíno de generosidade sempre esteve presente em seu coração. Porém, tudo muda quando uma tragédia assola aqueles que ama. Nezuko, sua irmã mais nova, é transformada em um Oni, que são os demônios e principais ameaças daquele mundo. Não se sabe exatamente a forma como um Oni é transformado, mas sim quem é capaz de realizar tal feito, por isso Tanjiro decide procurar por Muzan Kibutsuji, o primeiro dos demônios e o antagonista da história, afim de obrigá-lo a devolver a humanidade para Nezuko.

A partir daí muitas aventuras se desenvolvem durante os 26 episódios dessa primeira temporada que se finalizou no último dia 28 de setembro. Tanjiro descobre uma organização de espadachins especializados em eliminar os Oni, e decide se juntar a eles, treinando como nunca para se capacitar, tanto fisicamente como mentalmente, afinal ele era apenas um garoto simples e de coração puro, sem interesse para batalhas. Entretanto, seu amor pela irmã o inspira a ir ao limite de seus anseios, a ponto de realizar o que for preciso para salvá-la da maldição de ser um demônio enlouquecido por sangue humano. Por outro lado, Tanjiro ainda se mostra com compaixão aos seus inimigos, mesmo com os piores Oni que encontra pelo caminho, ele sente o peso da maldição que carregam muitas vezes sem culpa. Só por essa questão mais profunda, Tanjiro é um protagonista diferente, e rapidamente nos sentimos atraídos por sua índole, determinação e sua causa, afinal Nezuko, sua irmã, também é uma personagem muito criativa e apaixonante.

(Na ordem: Zenitsu, Inosuke, Tanjiro e Nezuko)

Somos apresentados há vários outros personagens, dos quais se destaca os primeiros companheiros de batalha de Tanjiro. Inosuke e Zenitsu são dois opostos que se completam de muitas maneiras. Ambos ainda inexperientes, são igualmente carismáticos, e olha que Inosuke usa uma cabeça de javali enfurecido! Particularmente não gosto de personagens barulhentos, e Zenitsu parece gritar e chorar por tudo a todo instante, o que faz parte de sua personalidade abobalhada, dramática e meio covarde. Mas isso é compensador se pensarmos que ele evoluiu bastante dentro da trama, sendo inspirado por Tanjiro. E assim como Inosuke, possui habilidades prodigiosas, como o dom de controlar a Respiração do Trovão.

Aliás, as habilidades que os personagens usam ao decorrer de seus embates é outra boa sacada do autor e do estúdio, pois os efeitos gráficos são lindamente reproduzidos nas cenas em questão. Essas habilidades são denominadas como Respiração, onde os usuários precisam ter foco ao utilizá-los com suas armas e movimentos corporais. Cada um tem seu estilo próprio, como Tanjiro ao possuir a Respiração da Água, e capaz de dominar vários estágios e golpes diferentes com sua espada com ajuda dessa técnica.

O que dizer do confronto entre Tanjiro e Rui no famoso episódio 19? É de tirar o fôlego como a animação fluída dos poderes dos lutadores é retratada de forma deslumbrante em tela, sendo que as sequências de ação são intensamente velozes. Há tanto detalhe que nos escapa em primeira vista, impossível de se assistir uma só vez. E já que estamos falando dessa parte em específico, não há como negar que boa parte do novo público desse anime veio depois da notícia do quão extraordinário foi esse episódio. Durante os poucos mais de 20 minutos, somos agraciados como uma crescente de drama e ação que é arrepiante, e um desfecho que é capaz de tirar lágrimas de nossos olhos em companhia da trilha sonora tão certeira e emocionante. Sem dúvidas, todos os elogios são poucos para esse episódio. O espirito dele pode não ser inovador, estamos acostumados com a euforia de uma excelente direção nos Shonen em geral, mas não há como negar que desde os efeitos gráficos até os diálogos são de tais níveis de perfeição que é sim revolucionário. E isso é muito bom, afinal como mencionado no início estamos cada vez mais exigentes.



E se enganam aqueles que não assistiram Demon Slayer e acham que os efeitos gráficos de alto padrão só são utilizados em alguns episódios chaves (como em muitos animes por aí). Nada disso, a excelência está em toda a série, mesmo nos capítulos mais mornos e lentos. O que gosto de apreciar são os níveis de detalhes em uma cena, principalmente nos personagens, como em seus cabelos, roupas ou fisionomia. Adoro o modo como o autor e estúdio mesclam as cores pertencentes aos personagens, às vezes de forma ordenada, em contraste ou em mosaicos. Também adoro o traço dos personagens, e as íris diferentes de cada um, seja em cor ou formato, muitas vezes sem serem totalmente redondos. Isso chega a ser uma característica do autor, já que não me lembro de ver íris assim.


Diante disso, somos apresentados a mais personagens, como os Hashira, um grupo de caçadores de Oni de alta capacidade liderados pelo respeitado Kagaya Ubuyashiki, e também alguns vilões que são ordenados por Muzan. O arco termina com um lindo e emocionante episódio, onde Tanjiro e Nezuko, em companhia de seus companheiros, embarcam numa nova aventura no Trem Infinito.

Por fim, somos surpreendidos que esse novo arco será retratado em um filme nos cinemas japoneses, e já estamos ansiosos para que ele chegue por aqui, pois esperar pelo possível anúncio da segunda temporada pode ser cansativo, e sua estreia nem se fala... só desejamos que chegue logo porque já estamos com saudades!



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