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[RESENHA/ANÁLISE] STRANGER THINGS 3 - CANTANDO NA CARA DO PERIGO!

Ah, como é bom assistir uma série que consegue atender as expectativas, não é? Particularmente, estava com saudades de vibrar de verdade no sofá de casa a cada momento espetacular e marcante entre os episódios na tv, e essa terceira temporada de Stranger Things está repleta desses momentos. Depois de algumas decepções nesse ano de 2019, o seriado disponibilizado pela Netflix larga na frente entre as melhores estreias (talvez não tenha superado Chernobyl da HBO, mas no caso não estamos falando de uma minissérie de apenas uma temporada). O seriado está em construção, um projeto programado desde 2016, e que já se encontra no ápice sem estar próximo de sua conclusão, ou pelo menos esperamos que não. Renovem logo!





CONTÉM SPOILERS


Mais uma vez os autores, The Duffers Brothers, acertaram em cheio na elaboração da trama, isso é... não deixaram o enredo repetitivo ou com nível abaixo do que já assistimos. Ainda conseguimos nos impressionar com coisas novas, como temer as novas ameaças (seja russos megalomaníacos ou possessões monstruosas) ou se emocionar com as novas relações entre personagens. Aliás, os personagens é outro acerto, desde o grupo original até os estreantes ou que ganharam mais voz, como a irmã de Lucas, Erica. Não tem como não amar e torcer por eles. Todos são carismáticos, até mesmo os não tão mocinhos assim, como Alexei e Billy, ou vai falar que não sentiu nenhum um pouco de pena quando os dois morreram? Claro que os atores deram uma imensa contribuição para esse trabalho sair tão impecável. Tanto o elenco mirim quanto o adulto dão um show de interpretação! E como é gostoso ver todas as referências da cultura pop dos anos 80 em diante, a nostalgia de uma época mais inocente, mais colorida, e sem pessoas refém dos celulares.

Falando um pouco da história dessa terceira temporada: finalmente o foco ou ligação entre o mundo invertido e nossa realidade saiu um pouco dos ombros do Will. Embora o garoto tenha percebido antes de todo mundo coisas estranhas rolando mais uma vez em Hawkins, o coitado teve um pouco de paz na batalha direta contra os monstros conhecidos como Devoradores de Mentes. Essa criatura ficou presa em nosso plano quando Eleven fechou o portal no final da segunda temporada. Enquanto todos retomam uma rotina normal e passam por mudanças importantes na vida, essa nova ameaça se esconde para aos poucos ter forças necessárias para realizar seu objetivo maligno: possuir Eleven. Em paralelo a isso, russos comunistas tentam reabrir o portal para a dimensão invertida numa missão de infiltração ultrassecreta, construindo um enorme laboratório no subsolo do novo shopping da cidade. Essa base impenetrável (não para Dustin) tinha como plano capturar Demogorgons.



Os pontos altos são exatamente os núcleos criados dentro da trama, que pode parecer repeteco, já que os grupos permanecem separados por uma clara diferença de idade, porém os novos personagens, como Robin e Alexei, e as novas relações e descobertas de sentimentos, como o namoro bumerangue de Mike e Eleven ou Nancy e Jonathan, deixam tudo como uma pegada diferente do que já vimos.

Vamos aos outros pontos positivos: com um humor agradável e afiado (mas sem perder o espirito de criança) ao mesmo tempo há cenas de tensão e suspense (referência boa a Parque dos Dinossauros na parte em que os tentáculos do Devorador de Mentes está para pegar os jovens escondidos atrás de um balcão, o alarme da Estrela da Morte de Star Wars na base russa, e ao filme O Iluminado quando aquele jornalista maluco e possuído quebra a vidraça para abrir uma porta que o separava de Nancy), e efeitos especiais melhorados, como o visual do monstro em questão que continua sendo repugnante e amedrontador, seja com seus tentáculos ou quando se liquefaz para uma gosma capaz de entrar nos lugares mais apertados. Os momentos de ação são vibrantes e acompanhados por uma trilha sonora impecável. Eleven novamente está ótima em suas entradas heroicas, seus poderes cada vez mais potentes e profundos. A ciência também está presente, como na questão de magnetismo ou formas de comunicação a distância. Os vilões humanos são de fato uma ameaça, aquele vilão e mercenário russo, visivelmente inspirado em Arnold Schwarzenegger em Exterminador do Futuro é incrível! O arco particular centrado no Billy também é impressionante e revelador. E não vamos nos esquecer dos conflitos internos e provações que alguns personagens precisaram enfrentar, como Nancy no trabalho altamente preconceituoso e abusivo, Hopper ao ter que agir como um pai sentimental mas impossibilitado pelo seu jeito canastrão e Joyce tentando seguir em frente após perder seu amor.


Praticamente todos os personagens cresceram muito ao decorrer dos episódios. Robin e Steve se tornaram uma dupla e tanto. Interessante que passa temporada, e Steve cresce sempre mais um pouco no nosso conceito, nem dá para acreditar que era um cretino lá na primeira temporada. Como não pular do sofá quando ele chegou com o carro para salvar Nancy de ser atropelada por Billy? Outro destaque fica para Erica, irmã de Lucas. Dona de uma personalidade forte e argumentos infalíveis (e um pouco folgadinha rs), a única que segue na faixa etária para crianças na série, desempenha um excelente papel. E talvez essa fosse minha principal preocupação para essa temporada. As crianças eram parte do charme dessa história saudosista e misteriosa dos anos 80, mas agora que todos cresceram, não nos conectaríamos mais com elas? Bateu um medo de se transforarem em adolescentes chatos, como normalmente acontece. Entretanto, até as mudanças mais radicais (como não jogarem mais RPG de dados ou passar o tempo com novos afazeres, como namorar rs) são absolutamente necessárias. Todo mundo passou por isso, e reconhecemos como é triste sair da infância e deixar de fazer coisas que pensamos que realizaríamos pelo resto da vida.




Bem, hora de falar do final e das pontas que ficaram soltas para uma possível quarta temporada. É bom mencionar o combate no shopping contra o Devorador de Mentes onde todos do grupo se reúnem para atacar o inimigo com fogos de artifício (esperamos que a Max não tenha se esquecido de elogiar o Lucas pelo plano que ela tanto duvidou). É muito inspirador a amizade mais uma vez sendo o que move os personagens, e não vamos nos esquecer do amor, já que é ele que nos entrega talvez a melhor cena? Enquanto o mundo está acabando, Dustin e sua namorada Suzie, decidem cantar uma música do filme História Sem Fim. Sensacional! Porém, nem tudo são flores. Ao destruir a máquina soviética que ia abrir o portal para o Mundo Invertido, Joyce sacrificou Hopper. Ou não? Nas cenas pós-créditos, em uma base na Rússia, há uma menção a um prisioneiro americano (em vários momentos Hopper é chamado de “americano” pelos inimigos russos), será que nosso honrável xerife escapou de alguma forma de ser obliterado? E o Demorgogon capturado? E os poderes que Eleven perdeu, retornarão? Com mais um final vitorioso, mas trágico, a família de Will decide deixar a cidade, e isso promove uma rachadura impactante no grupo, já que além dos filhos, Joyce leva Eleven consigo. Eles voltarão algum dia? São tantas perguntas que é quase impossível não ter uma nova temporada em produção para futuramente termos as respostas. Devemos aguardar.

Certo é que os personagens estarão ainda mais crescidos e maduros, e teorias começaram a pipocar, como o fato de Mike ter mencionado presentes de natal para Eleven, na despedida dos dois. Será que o plano de fundo para a próxima temporada é o natal? Talvez devemos esperar algo pro final de 2020? E claro, a teoria de futuramente usarem viagem no tempo. Eleven já demonstrou ter a capacidade de ver partes do passado de uma pessoa, e nessa temporada tivemos uma enxurrada de easter eggs do filme De Volta para o Futuro, até mesmo um diálogo bem interessante entre Steve e Robin sobre seus paradoxos.



A série termina de maneira melancólica. Despedidas, mudanças e luto. E ainda temos a voz de Hopper lendo uma carta de puro sentimentalismo que Joyce encontrou e deu para Eleven saber o quanto ele a amava.

E que deveria deixar pelo menos oito centímetros de porta aberta.




Nota 5 (1-5)

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