top of page

Crítica | Coringa (2019) - O filme é rítmico como uma dança, e duro como um soco no estômago.


Gotham City. Foto: Warner Bros.

Gotham City sempre foi descrita como uma cidade suja, uma cidade de crimes onde a violência toma conta, e essa tecla sempre é batida em adaptações das historias do famoso Homem Morcego nos quadrinhos, onde o herói corre pelas ruas da famigerada cidade observando o crime de fora para dentro, recheada de atrocidades, vilões e segurança mínima.


Mas como realmente é Gotham sendo observada de baixo, por um cidadão que nao vêm de uma família privilegiada e convive diariamente com a podridão e as injustiças sociais que acabam afetando a sua vida pessoal?

Joaquin Phoenix em Coringa. Foto: Warner Bros./Divulgação

Essa é a história de Arthur Fleck, um palhaço de rua diagnosticado com risada patológica e transtornos mentais que possui um sonho de ser comediante e ser reconhecido, porém cada um de seus sonhos são frustrados de maneira escalada pela angustiante injustiça de Gotham.


O longa estrelado por Joaquin Phoenix finalmente está nas telonas e podemos ver de perto o resultado de todo o esforço de Todd Philips em trazer a sua visão do icônico vilão dos quadrinhos para as telas, trazendo consigo atores conhecidos como Robert De Niro (O Rei da Comédia) e Zazie Beetz (Deadpool 2), o longa não esconde que se inspira em filmes do diretor Martin Scorsese (Taxi Driver), porém há inúmeras outras coisas para serem notadas na produção vencedora do Leão de Ouro, produção esta que arrisco dizer que será lembrada durante muitos anos.


Com claras referências à Piada Mortal, de Alan Moore (1988) e até mesmo de Cavaleiro das Trevas, do gênio Frank Miller (1986), Joaquin se entrega de corpo e alma ao personagem e nos entrega uma atuação surreal — nos convencendo de sua loucura.

Joaquin Phoenix caracterizado como Coringa. Foto: Warner Bros. / Divulgação

A maneira como a narrativa é levada nos deixa tenso a cada momento, de maneira que nunca sabemos o que esperar em cada crise de Arthur em sua incontrolável risada em locais públicos ou até mesmo em momentos inoportunos. As cenas jogadas na tela, de maneira inicial, vão tornando justificável o ódio eminente do personagem, nos fazendo, de certa forma, sentir uma certa empatia por todas as ações que ele passa a tomar a partir de um gatilho que demonstra a transformação total de Arthur Fleck no Palhaço do Crime.


Muitas dessas transições e momentos de tirar o fôlego se apoiam na trilha sonora que está impecável e consegue deixar a produção de maneira rítmica, de uma forma que as ações do protagonista se sustentam com a trilha, se tornando cada vez mais sombria no decorrer do filme — fazendo assim essa conexão sonora com os acontecimentos do longa.


A produção nao tem medo em demonstrar o lado mais sanguinário e sombrio do vilão, subindo em lentos degraus até chegar em seu ápice, como uma dança. Ela entrega tudo que prometeu, uma origem para o Palhaço não tão baseada em quadrinhos e que se distancia de qualquer outra produção feita sob este tema, porém, ela mergulha mais do que o esperado na mitologia do Morcegão, o que acaba por ser uma surpresa boa.

Foto: Warner Bros./Divulgação

Coringa é um filme espetacular, irá agradar tanto o púbico aficionado por quadrinhos, tanto como o público comum que quer curtir um filme de suspense e thriller psicológico, pois ele acaba se encaixando nas duas vertentes. Joaquin Phoenix e Todd Philips acabaram deixando um grande legado para o cinema neste ano, e serão lembrados também nos próximos anos.


NOTA: 10/10


Crítica por: Leonardo Izidoro (Batclopedia)

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page