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The Witcher, a série criada por Lauren Schmidt e protagonizada por Henry Cavill, estreará no próximo dia 20 na Netflix. Não é novidade para ninguém que a história se baseia nos best-sellers de livros escritos pelo polonês Andrzej Sapkowski, publicados pela primeira vez em 1993, mas que só chegaram no Brasil em 2011. A saga do bruxo Geralt de Rivia conta com sete livros e um prelúdio. O primeiro possui o título, O Último Desejo, e para aproveitar que a série logo estará aí, decidimos montar uma resenha rápida do que se pode esperar desse livro em questão, afinal Lauren Schmidt promete muito fidelidade a história original.
Para começar, devo frisar que sou apaixonado pelo universo de The Witcher. Por causa dos livros? Não necessariamente. Os jogos de The Witcher são famosos no mundo inteiro, e talvez por alguns anos foi até mais do que os livros. O último lançado, The Witcher 3 Wild Hunt, é uma obra prima, tanto que venceu como o melhor jogo de 2015. E apesar de ter jogado horas e horas desse jogo (só para terminar a campanha são 50 horas, para zerar o jogo completamente passa de 100), quando li o livro pela primeira vez percebi algo totalmente novo. Geralt estava ali, o bruxo durão, inexpressivo e que só quer terminar o seu trabalho, mas havia algumas diferenças que adorei ter conhecido. Isso é muito bom, já que enriquece e fortalece ainda mais o vínculo com o personagem. Então, só espero isso da série. Que mostre coisas novas, mas que mantenha a essência desse mundo fantástico que Geralt explora, e fortaleça ainda mais a admiração pela obra num todo.
O livro emprega uma estrutura de narrativa moldura, que é uma técnica onde o escritor insere uma história inicial dentro de outra ou várias histórias. Isso acontece porque Andrzej trabalha muito com contos, onde em cada um deles, Geralt apresenta diversas situações para o leitor se familiarizar com seu mundo de criaturas, reinos e habilidades sobrenaturais. Nos breves intervalos desses contos, que funcionam como flashbacks para Geralt, ocorre a história que está no presente do personagem, onde o mesmo está instalado num local para repouso depois de se ferir em uma de suas aventuras, curiosamente a aventura do primeiro conto chamado de O Bruxo.
Não irá impressionar se a série adotar esse mesmo método, afinal os contos servem muito bem como episódios isolados, enquanto a trama principal corre por fora, aliás é quase certeza que o primeiro conto será mesmo o primeiro episódio, onde temos Geralt chegando num reino para uma tarefa difícil. Mas é isso o que ele faz. Para quem ainda está perdido, a história de The Witcher se passa no período medieval em um mundo fantasioso. Existem diversas raças e monstros entre os reinos dos humanos. Para derrotar tais criaturas existem feiticeiros, druídas, e claro, os bruxos, guerreiros que passaram por severo treinamento e transformações mutantes, e que embora sofram repulsa das pessoas comuns por causa disso, são os únicos que conseguem de fato se livrar das ameaças sobrehumanas que estão às espreitas nas florestas, pantanos, cavernas, etc. Obviamente por uma boa quantia de dinheiro em troca.
O livro possui sete contos com trechos da linha temporal presente entre eles. Os contos são em sua ordem: O Bruxo, Um Grão de Veracidade, O Mal Menor, Uma Questão de Preço, Os Confins do Mundo e O Último Desejo. Destaque muito especial para O Mal Menor, no qual certamente terá na série de acordo com os trailers, e se for como nos livros... vai ser de arrepiar. E destaque também para O Último Desejo, claro, onde Geralt conhece Yennefer.
A narrativa em si pode se demonstrar lenta no início, mas depois melhora muito. Há muito diálogo, isso sem dúvida. Porém o autor trabalha muito bem seus personagens, suas intenções, medos e esperanças. O fato da obra funcionar como uma coletânea de contos também flui muito bem. Conhecemos várias histórias e podemos reconhecer a versatilidade do escritor no processo. Por outro lado, as cenas de combate às vezes são confusas. É comum empacar em algumas e ter que reler para entender o que de fato estava acontecendo. Mas o motivo é que a história é muito visual, principalmente os monstros, que possuem diferenças e detalhes únicos. Ter que imaginar cada cauda a mais, cada garra que sai de não sei onde, e memorizar a anatomia bizarra das criaturas ao mesmo tempo que Geralt gira sua espada, é uma tarefa que requer atenção.
Por fim, o enredo de todos os contos é impecável. Destaquei dois contos ali em cima, mas não é exagero que todos satisfazem a expectativa de qualquer adorador da fantasia e aventura. E o melhor é que os resultados de um conto ou outro certamente influenciará nos próximos livros. Uma Questão de Preço que o diga... mas isso deixo para que descubram sozinhos.
É isso. Se está no hype para a série e quer saber mais sobre o mundo de The Witcher, a leitura de O Último Desejo vale super a pena, e é facilmente encontrado nas livrarias, além de ter um preço justo. Irá encontrar nas páginas muitas intrigas políticas e pessoais, todo tipo de criatura baseado em folclores populares, muita magia, romances perigosos e combates de tirar o fôlego!