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[Resenha] A redenção de Stark

O arco da revista do Invencível Homem de Ferro, “O Mais Procurado do Mundo”, foi originalmente publicado em fevereiro de 2009 e possui 19 edições norte-americanas. Aqui no Brasil, esse arco foi compilado numa edição de luxo da Panini, que saiu em 2017 e possui praticamente 2 arcos em suas mais de 450 páginas roteirizadas por Matt Fraction e ilustrada por Salvador Larroca. Apesar do alto preço de capa, cada centavo vale a pena nessa história que envolve superação, redenção e alta carga dramática na vida do excêntrico Tony Stark, o homem por trás da tecnologia do Homem de Ferro ou o homem por trás do título de herói do Homem de Ferro? Hora de descobrir quem de fato usa a armadura mais famosa da Marvel Comics.



Antes da resenha da história em si, vale ressaltar o capricho que esse encadernado em capa dura da Panini recebeu. Típico das edições Deluxes, antes da leitura há o prefácio do editor nacional e também um “Anteriormente” bem informativo para melhor localizar o leitor. E para finalizar a revista, há uma galeria linda de capas das edições do Homem de Ferro. Em papel couchê de perfeita qualidade, as páginas carregam uma fase elogiada envolvendo super-heróis, no qual ganhou o Eisner em 2009 e está em 6º lugar numa lista criada pela IGN de melhores comics da última década.


Agora que está devidamente tentado a ler essa história, devo dizer que NÃO haverá spoilers dessa série na resenha, MAS haverá de séries anteriores, pois não há como não deixar claro alguns pontos do passado de Stark que envolve principalmente Guerra Civil e Invasão Secreta. Lógico que isso é abordado abertamente na própria HQ, então é preciso pelo menos ter uma noção do que está acontecendo no universo Marvel até aquele momento. Dito isso, vamos lá.


Como mencionado anteriormente, a série possui 19 edições dividida em praticamente 2 arcos. Então, nesse encadernado temos primeiramente “Os Cinco Pesadelos”, no qual nos é apresentado quem Tony Stark se tornou pós Guerra Civil, afinal ele venceu o conflito com o Capitão América, acreditando até o fim em seus ideais, mesmo que isso tenha significado trair seus amigos e provocar indiretamente a morte de Steve Rogers. Ou seja, ele venceu a guerra, mas perdeu a batalha, o heroísmo abandonou seu nome e muitos o viam como o principal vilão de tudo o que estava dando errado com o mundo. Em paralelo a isso, surge um terrorista genial e perturbado que consegue usar de alguma forma a tecnologia Stark para cometer assassinatos em massa, e ele quer a destruição de Tony a todo custo. Seu passado obscuro motiva seu desejo de vingança contra Tony, e ele não quer só matá-lo, quer acabar com seu legado, suas invenções e o que restou de sua dignidade. É um arco extremamente tenso no qual a sagacidade e os medos de Tony são colocados a prova, destaque para uma nova Pepper Potts e uma cena que retrata um incrível jogo de xadrez entre Stark e Reed Richards (as maiores mentes da Marvel) no qual eles jogam em vários tabuleiros ao mesmo tempo enquanto discutem um problema sério, com uma surpresa fantástica de Tony no final, aliás é quase um prelúdio do que está por vir na batalha decisiva.


Assim que esse arco é finalizado somos agraciados com uma breve história com participação do Homem-Aranha. É o momento de relaxar um pouco, pois é divertido a interação entre Peter e Tony, já que o teioso é praticamente um fora da lei ao se recusar a entrar no programa de Stark sobre identidades secretas, mesmo assim Homem de Ferro não consegue se livrar do aracnídeo que decide o ajudar numa missão pela cidade. Claro que Peter possui segundas intenções em ajudar aquele que o mundo todo está massacrando (com alguma razão), é aí que entra o destaque principal dessa jornada: o drama que nem mesmo uma armadura de ferro consegue esconder.


Então, finalmente, o arco “O Mais Procurado do Mundo” se inicia. Tony Stark lutou pelo aquilo que acreditava e sacrificou amizades, confianças e seu legado como criador, como líder, e como herói. E mesmo assim as coisas pareciam dar errado... para piorar veio a Invasão Secreta dos Skrulls, que culminou em perdas sem precedentes para a humanidade, tudo isso bem debaixo do nariz de Tony que se tornou um alvo fácil, sua tecnologia inútil contra um perigo iminente. Ele era o atual diretor da Shield, mas sequer pôde perceber o inimigo, e quando Norman Osborn aproveitou a chance e salvou a Terra ao matar a Rainha Skrull, Tony se viu derrotado pelos amigos, pelos vilões, pela sociedade, e por si mesmo.


Perdendo a vaga de diretor da Shield para Norman Osborn, uma mente perigosa que outrora realizou vários crimes com o traje do Duende Verde, Tony está no fundo do poço, amargurado, arrependido, fracassado, culpado e fraco. Porém, antes de sair pelas portas dos fundos, Norman se prontifica em obter todos os dados levantados pelo Homem de Ferro. Isso é, o banco de dados do registro de super-humanos. Claro que Stark o avisa que é necessário ter incontáveis liberações governamentais e militares antes de folhear os arquivos secretos de tal importância, mesmo assim fica óbvio que isso não será respeitado.


É então que Tony decide levar consigo tais arquivos para mantê-los em segurança, seria um desastre que as identidades dos heróis caíssem em mãos erradas. Onde ele guardou esses arquivos é a principal surpresa desse arco, mas é simplesmente genial. Osborn rapidamente percebe que foi enganado e agora deseja lançar o inferno em cima de Stark, que se torna um foragido ao não se entregar com os dados roubados.


A partir daí se inicia uma caçada global ao Homem de Ferro. Intenso, empolgante e muito dramático, são as características que podemos usar para o plano de mestre que Stark monta para proteger a última centelha de dignidade que lhe restou. As fugas de Tony contra os homens e mulheres que Norman contrata são surreais, e os combates são de tirar o fôlego, ele se torna mesmo o homem mais procurado do mundo e todos querem um pedaço dele. Vale ressaltar que Tony não está sozinho nisso. Maria Hill, Pepper Potts e Natasha Romanoff brilham muito com seus próprios arcos. É espetacular as diversas maneiras que Stark encontra para se livrar no último segundo de ser capturado, mesmo com todos os incidentes, as desvantagens de não poder usar suas principais armaduras e suas principais tecnologias em suas principais instalações. É como se ele fosse gradativamente perdendo seus poderes, afinal sempre foi um humano normal sem o extremis, seu único talento é sua mente... o problema é que em seu plano sua mente é aos poucos danificada, ou seja, até isso é tirado de si.


Matt Fraction trabalha muito bem o roteiro, adicionando uma carga dramática diferente do que é usada em histórias de super-heróis, e dando uma real sensação de evolução ao personagem. Dá pra sentir a mudança acontecendo, dá pra saber que nada mais será como antes se ele vencer o vilão, até porque parte do vilão é ele mesmo. Já a arte de Salvador Larroca é sensacional. O cara é muito realista tanto em desenhar seres humanos quanto em desenhar trajes, armaduras, poderes e tecnologia. E saber desenhar tecnologia é muito importante numa HQ do Homem de Ferro.


Enxergamos um homem que perdeu tudo o que tinha mais uma vez. Assim como naquela caverna onde Tony construiu sua primeira armadura, vemos o homem renascer, mais do que um mero humano, um herói. Atravessando toda a culpa, sem ignorar seus próprios erros, movido apenas por um só desejo: redenção.


Com preço de capa de 125 reais, mas com valor diminuído em lojas onlines, recomendo fortemente a leitura dessa obra, principalmente àqueles que ficaram ainda mais fãs desse herói ao assisti-lo em Ultimato.


Se acha que sabe mesmo até onde Tony Stark pode ir, deveria ler essa história e se surpreender ainda mais, afinal ele é o...Homem de Ferro.


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